Ultimi ricordi di un migrante

Oh, mia patria, sì bella e perduta!
Oh, mia Trecchina!

Moglie Marianna,
i figli miei...
già ho perduto il primo, Giacomo.
Oggi perdo anche il secondo.
Domani perderò la terza,
mia Rosina.

Zio Michele,
benedici la mia migrazione.
Ho bisogno della felicità,
come te.

Fratello omonimo,
seguimi,
perché saremo nutriti.

Terra estranha,
o povo também é europeu?

Itália,
mia patria, tão bela e perdida!
Um dia, talvez, a ti retornarei...

Maria,
nome mais lindo!
Santa Mãe de Deus,
desejo que sejas minha.

Tão jovem...
E és uma mulher!
De quem és filha?

Che grazia!
Tuo babbo,
anche lui è italiano.

Miei figli,
perdonatemi.
Oggi ho molti altri.

Enrico,
Ernestina,
Agostino,
Giuseppe,
Adelina,
Cecchino,
Laura,
Antonia,
Giovanni,
Armando,
Maria...

Perdoa-me, Maria.
Não poderei chamar nossos filhos em italiano.
O destino os fez portugueses.

Henrique,
Ernestina,
Augusto,
José,
Adelina,
Francisco,
Laura,
Antónia,
João,
Amândio,
Maria!

Maria, aguarda-me.
Partirei novamente.

Conheces à América?

Che cosa sarà nella Merica?
Dio risponderà.
Lui sta chiamando.

Vem, Guto!
Vem, Enrico!
Andiamo alla Merica!
Là c'è un bel mazzolino di fiori...

Brasile...
Strano Brasile...
Meglio:
Brasil!

Onde está tua imperatriz italiana?
Pernambuco é tão distante dela...

Dona Teresa,
viemos ao trabalho e ao lavoro...

Vem, Ernestina!
Serei nonno,
avo, finalmente!

Álvaro...
Perdoa-me, não repitas meus erros.

Filha minha,
perdoa teu babbo.
És o espelho da minha vida.
Em ti vi meus atos...
e a Marianina,
mais forte e decidida.

Maria!
Que fazes aqui?
Imprudente José!
Deficiente... onde?
Somente imprudente.
Ou... será incrivelmente prudente?

Filho mio,
fizeste que minha colheita viesse.
Perdoa teu babbo,
ele não sabia o que fazia.
Deitei-me,
alcei
e desejei
quem não devia.

Grazie, Maria!
Obrigado por teu perdão.

Dio mio,
onde sarà tutto aquilo que é mio?
Miei figli Pignataro,
dove saranno?
Perdonami per aver abbandonato i miei ragazzi.

Vinde, todos os portugueses!
A mãe de vocês está chamando.

Mas... Adelina?
Por quê, minha menina?
Vieni, non fica!

Oh, Dio...
Triste semeadura,
dura colheita...
Apenas trabalho,
culpas,
rancores
e desamores.

Meu coração enfraqueceu.
Três de mim se foram.

Dov'è Cecchino?
Onde está Francisco?
Serei io il Francesco?

Marianina, dal Cielo, perdonami.
Não penses na separação.
Dio sabe a minha confissão.
Lembra-te:
Quem poderá fazer aquele amor morrer?

Maria, da Terra, perdoa-me.
Dio nos dará um altar,
daqueles para que a gente celebre
tudo aquilo que Ele consentir.
Lembra-te:
há de surgir
uma estrela no céu,
cada vez que você sorrir.

Mamma e babbo,
trovatemi.

Zio Michele,
ho conosciuto il tuo cammino.
Non è facile,
come pensavo.

Addio, figli miei.
Hoje sou, simplesmente...
Cecchino.

Mille
novecento
e
cinco.

Sono morto.

Comentários

  1. Felipe, meu querido!!! Uma obra que me tocou profundamente. Com lirismo e muita sensibilidade, você mistura memória, identidade e migração, trazendo à tona a dor do deslocamento e a beleza do Brasil multicultural. Uma escrita poética, marcada por fé, amor, culpa e perdão. Impressionante! Ameiii!!!

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  2. 👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼

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