Um dia beijarás a tua flor

Beija-flor, meu amor,
tão belo e encarcerado.
Tão jovem e vivo.
Tão velho e morto.
Tão nada.

De que adianta o tudo diante do nada?
Nada!

Beija-flor, meu amor,
não sofras.
Nas estradas,
há caminhos tortos,
mas, ao final,
há alegria.

Uma alegria, Beija-flor!
Uma alegria!
Mais do que isso:
uma felicidade.

Estarás livre dessas correntes que te cercam,
das tesouras que cortam tuas asas
e dos ferros que te aprisionam.

Teu canto irá ecoar;
eu te asseguro.

Beija-flor, meu amor,
não sofras.

Suporta.
Suporta tudo.

Teu canto ecoará,
eu te asseguro.

Tua canção te faz falta,
mas de que adianta cantar
sem ouvidos para apreciar?

Nada!
Nada!

Uma canção só é bela
quando é apreciada.

Sem alguém para ouvi-la,
não é nada.
Nada!

E tu, Beija-flor,
és nada.
Nada, meu amor.

Suporta.
Um dia
beijarás
a tua flor.

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