A Jornada da Befana
Os Três Reis Magos estavam a caminho do tão esperado encontro com o Menino Jesus, quando erraram a rota e se viram perdidos, distantes da cidade. Naquela localidade, havia apenas uma pequena casa, extremamente simples, e sem grandes ruídos. Gaspar, decidido a tirá-los daquela encruzilhada, dirigiu-se à porta daquela residência:
Toc, toc, toc.
Surge uma idosa, semelhante a uma bruxinha, de nariz avantajado e queixos caídos. Sua aparência evocava austeridade, mas também muita honestidade e compaixão, que, em realidade, oprimiam qualquer amargura que ela pudesse ter cultivado.
— Gentil senhora, perdoe-me por causar-lhe incômodo e desatenção em suas atividades. Eu me chamo Gaspar, e estes são meus amigos Melquior, à esquerda, e Baltasar, à direita. Estamos em busca do Rei dos Judeus, em Belém, e fomos guiados até aqui pela Estrela-Guia. Contudo, devemos ter nos distraído, pois cá não há ninguém além de Vossa Senhoria, e nós necessitamos retomar o caminho. Poderia nos indicar como prosseguir na estrada?
— Sim, posso. Mas antes, entrem, servirei doces para vocês. Sou doceira, e aqui vivo muito só. Não tenho filhos, e meus sobrinhos há muito não vêm me visitar. Sei que nada têm com isso, e me desculpo pelo desabafo desmedido e fora de hora. No entanto, reafirmo: entrem, descansem e me façam companhia, ainda que por pouco tempo. Prometo que não se arrependerão.
Gaspar dirige o olhar para Baltasar, que, solidário, acena afirmativamente com a cabeça. E Melquior, vencido por seu cansaço e pelo Sol quente que os atingia, confirma o desejo do amigo.
Gaspar vai em direção ao seu camelo, que deixou guiado pelos demais, e o posiciona no local indicado pela doce senhora. Os outros dois seguiram seu exemplo, e também uniram seus animais ao parceiro de caminhada. Adentraram a humilde casa que lhes foi confiada e se surpreenderam positivamente com a limpeza que havia nela, e com o agradável odor de deliciosas comidas que ali dominava.
Satisfizeram as necessidades nutricionais de suas carnes e as bondades emocionais que aquela amiga ansiava. No início do anoitecer, despediram-se, pois deviam partir para o encontro com o Prometido. A Estrela-Guia já os chamavam, em profundo clamor.
Sensibilizados com a solidão daquela idosa que tão bem os recebera, Melquior dirigiu a ela o seguinte convite:
— Estimada Befana, venha conosco conhecer o jovem príncipe. Siga-nos e parta para o encontro com o Soberano dos Soberanos. Afirmo que, sem erro, não se arrependerá.
Emocionada, a idosa respondeu:
— Gostaria muito, simpático amigo. Entretanto, não posso abandonar meu lar. Minha vassoura, que aqui em minhas mãos está, ainda precisa limpar esta casa. Mais doces devo fazer, e minhas atividades domésticas não cessarão. Não vejo como ir com vocês, uma vez que minhas obrigações não posso deixar para trás. Todavia, abençoo-os e faço votos de uma tranquila viagem.
Os Magos se entristeceram com aquela recusa, mas não argumentaram, compreenderam e seguiram.
Horas depois, o remorso abateu aquela mulher, que em completa solidão vivia. Desesperou-se e questionou fervorosamente sua atitude. Desaprovou-se, encheu uma sacola com muitos doces e, com sua vassoura, partiu em busca dos amigos que recentemente fizera. Agora, ansiava ter o privilégio de ir ao encontro do Cristo. Conhecer aquele a quem ela recusara.
Contudo, os Reis já estavam muito longe, e o reencontro não foi possível. A oportunidade foi perdida.
Então, a triste Befana, corroída por seu arrependimento, decidiu ir de casa em casa, deixando um doce para cada criança, ou um carvão para as apimentadas, na esperança de que uma delas fosse o sagrado Menino Jesus. Seu caminho estabeleceu-se por toda a eternidade, estando ela, por livre e espontânea vontade, destinada a ir de porta em porta, presentear àquele na presença dos pequeninos donos do céu.
Felipeee, eu ameiii!! ❤❤❤
ResponderExcluirParabéns,a história resume no meu ver verdadeiro amor de Deus,vinde a mim às criancinhas .🙌
ResponderExcluir