Eu sou porque nós somos
Por diversas vezes, ouvi que não deveria continuar pesquisando genealogia. Em muitos momentos, falaram que isso era coisa de velho, que era desinteressante, e uma vez até disseram que eu deveria procurar algo "da minha idade". Graças a Deus, nunca dei importância, persisti. É um hobby que me permite não apenas saber o nome dos que me precederam, mas também conhecer a minha própria história, desenvolver a minha sensibilidade, estimular meu pertencimento e firmar a minha identidade. Eu não preciso me buscar em um local, em um momento. Eu sei quem sou, de onde vim e para onde quero ir. Eu sei o que significa cada escolha que me trouxe à vida. Valorizo não somente a beleza da minha carne, mas também a singularidade da minha educação e, sobretudo, da minha cultura. Eu sou, minha mãe é, produto de tudo aquilo que nossos avoengos produziram. Eu estou aqui porque eles estiveram. Porque eles me trouxeram. Meus ancestrais sofreram com a fome, com o sol, com a escravidão, com a imigração e, também, sorriram com a união, as vitórias, os momentos e as amizades. Eles não estão mortos espiritualmente, tampouco fisicamente, pois, em meu sangue e em minha pele, eles vivem.
Decidir investigar a minha linhagem me permitiu, também, acessar uma conversa interna com a sabedoria do tempo. Vejo sempre registros dos meus ancestrais lidando com seus desafios, com suas lutas e, no fim, vencendo-as, superando-as. Vejo como aprenderam e como tudo cooperou para que todos se unissem no profundo sentimento de amor puro. Aprendi que nenhum desafio é maior do que nós mesmos, que tudo possui um propósito. Toinhinha, Francesco, Pasquale, Gaetano, José, Bernardo e Manuel, imigrantes. Luís, Caetano José e a mãe de Bernardino, escravizados. Maria Rosa, Muirá-Ubi, Paraguaçu, indígenas. Carolina, Ana Maria, mães pela adoção. Belmira, revolucionária. Joana, Ana da Cruz, sobreviventes. Manuel Rodrigues, poeta amoroso. Cecilia, mãe de um anjo. Dentre tantos outros que carrego em mim. Dentre tantas histórias que antecederam a minha. Resquícios da infinidade de uma vida. Herança de um passado morto que vive na nossa história.
Aprendi a valorizar meu Estado, os países que meus ancestrais deixaram, a singularidade da alimentação regional, as danças características, os eventos nossos, o sotaque que carrego em meu falar, meus conceitos, meus costumes, minhas crenças e descrenças... Aprendi a valorizar quem sou e também comecei a descobrir-me. Meus olhos se abriram para o que nunca deixou de estar em meu olhar: a minha cultura. Nós somos frutos da nossa cultura, da nossa arte, do nosso pensar e do nosso agir. Eu amo ser recifense, pernambucano e brasileiro, pois muitos morreram para que eu, sua prole, fosse quem sou. E é a partir do conhecimento do meu passado e do meu presente que posso construir um futuro digno, sábio, amoroso e de lindas colheitas, para que meus filhos e meus netos possam, um dia, vir a serem melhores do que eu pude ser. Pois, antes, estive aqui para ser melhor do que aqueles que me antecederam, amando-os e valorizando-os por terem sido perfeitos em suas imperfeições.
"Faça perguntas aos nossos antepassados; aprenda com a experiência deles. Pois nós nascemos ontem e não sabemos nada; os nossos dias na terra passam como a sombra. Deixe que os nossos antepassados falem a você e o ensinem."
Jó 8:8-10
Querido primo,
ResponderExcluirLi seu texto com o coração cheio de emoção. Você expressou de forma tão profunda e bonita a importância das nossas raízes, da nossa história e da nossa cultura. Fiquei tocada pela sensibilidade com que você compartilhou sua jornada de autoconhecimento e valorização das gerações que nos precederam. É admirável como você conecta o passado com o presente, e como isso fortalece o seu senso de identidade e pertencimento.
Sua escrita transborda sabedoria e nos lembra da beleza de reconhecer e honrar nossa história, os desafios enfrentados pelos nossos ancestrais, e tudo o que nos trouxe até aqui. Sua reflexão é um lembrete de que, ao conhecermos nossa história, conseguimos entender melhor a nós mesmos e valorizar cada passo dado.
Acredito que esse processo de reconexão com nossas origens é um caminho fundamental para o fortalecimento de nossa identidade e para a construção de um futuro mais sábio e amoroso. Você fez isso de maneira tão bonita e profunda, que me sinto inspirada a olhar para a minha própria história com o mesmo carinho e respeito.
Continue escrevendo, refletindo e compartilhando sua sabedoria, pois seu texto é um presente para todos nós. Tenho orgulho de você, primo, e sei que seus pensamentos e palavras irão tocar muito mais corações.
Com muito carinho,
Aryanne Vieira
Minha prima,
ExcluirA tua mensagem me deixou muitíssimo feliz, e muitíssimo emocionado!!! Muito obrigado por ter lido e por ter interpretado com tanta sensibilidade. De fato, compreendeste o que eu sinto. Isso é muito especial. Me alegra saber que te inspiro a olhar para a tua história com carinho e respeito, e me emociona ter toda a sua valorização. Teu apoio me felicita muito!!!
O orgulho que sinto por você é tão imenso quanto. Minha admiração é enorme. Tu és forte, corajosa, talentosa e muito persistente. Eu torço demais por você. Podes ter certeza.
Te amo!!
Um beijo,
Teu primo.
Meu querido, que texto forte e incrível!! A cada letra a emoção toma conta e nos faz viajar por toda nossa história. Você é incrível!!!
ResponderExcluirMuito obrigado, mãe!!! Te amo
ExcluirTem que escrever um livro, será um autor de muito sucesso.seu texto é perfeito, muito bem escrito e faz a pessoa ler e entender de forma prazerosa. Não canso de dizer o quanto tenho orgulho de você, Tenho certeza que está no caminho certo.Sempre estarei presente e te aplaudindo de pé. 👏👏👏
ResponderExcluirDinda de ama muito❤️
ExcluirEu também tenho muito orgulho da senhora, madrinha!!! Muito obrigado por todo apoio!!! Te amo muito
ExcluirMeu querido, concordo plenamente com o comentário da pessoa que se diz Anônimo,escreva um livro, você me dar orgulho de ser tão determinado.
ResponderExcluirMuito obrigado, vó!!! Te amo
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