Amor (substantivo): sentimento profundo de afeto, carinho e devoção por outra pessoa.

 

Alice, Aghatta, Cecília e Sophia. Casa da minha mãe (Janga/PE), 30/07/2023.

 Eu acredito que a relação fraterna é uma das mais importantes dentro de uma família e é a que mais valorizo. Tenho apenas irmãs, todas mais jovens que eu, e meu amor por elas é tão intenso e grandioso que não ouso tentar dimensionar. 

Minha primeira irmã, e única bilateral, nasceu quando eu tinha apenas 2 anos e 2 meses. Nossos pais, naturalmente, ainda estavam juntos e tinham apenas vinte anos. Alice, como se chama, nasceu muito branquinha e pequena; eu era encantado por ela e amava-a já tanto quanto amo hoje. Queria sempre vê-la e me recordo até do seu berço, que quebrei pulando em cima. Com o nosso crescimento conjunto, vivenciamos tudo tendo um ao outro: eu buscando sempre protegê-la e ela sempre buscando me acolher. Uma troca muito importante para nós.

Brincamos muito de tudo um pouco: ela foi minha aluna na escolinha que eu tinha, minha parceira no clubinho que inventamos, minha adversária nas competições e minha companhia em muitas outras brincadeiras. Estudamos quase sempre nas mesmas escolas, tivemos professores em comum e o nosso desenvolvimento foi sempre muito parecido. 

Alice era uma criança muito arruaceira, amava estar na casa das amiguinhas, brincando, socializando, e eu morria de ciúmes! Queria ela só para mim. Apesar de também estar passando pela infância, eu queria deixar a dela o mais especial possível. Acolhia tradições e transformava-as em momentos familiares que alegravam ainda mais Alice.

O mais especial, sem dúvidas, foi a Befana. Esperávamos o ano inteiro pelo 6 de janeiro: o dia em que a bruxinha passava pelas casas deixando doces para as boas crianças. Eu acordava cedinho para comprar doces e brinquedos, voltava rapidinho e organizava tudo para quando ela acordasse. E Alice nunca decepcionava, ela sempre tornava tudo ainda mais especial!

Alice é a irmã com quem tenho maior contato, com quem sempre converso e a minha amiga em todas as minhas invenções (que não são poucas). Basta um pouco de jogo de cintura e Alice está em tudo aquilo que penso em fazer e criar; eu busco fazer o mesmo por ela, apesar de muitas vezes não conseguir.

A companhia de Alice é preciosa, importantíssima e insubstituível para mim. Hoje, com 17 anos, ela está cursando técnico em Farmácia. Além disso, ama pintar e desenhar, o que me enche de orgulho! É uma moça muito sensível e linda, sempre lutando para ser exatamente quem é e buscando ser justa. Uma menina repleta de amor!

A Aghatta chegou em nossa família apenas um mês e dois dias antes do meu aniversário de 6 anos. Lembro da alegria que senti ao saber do seu nascimento e o quanto que rezei, apesar da pouca idade, para que tudo desse certo, já que ela nasceu com seis meses de gestação e precisou ficar internada por um tempo. Ela é filha dos meus tios Xandinho, que é o único irmão da minha mãe, e Eliude. Apesar da nossa ligação sanguínea ser através dos nossos avós Alexandre e Ana, nossa criação foi conjunta e crescemos como irmãos.

Minha intimidade com Aghatta é idêntica à que tenho com Alice, de quem ela é inseparável. Assim como no nascimento da primeira irmã, eu fiquei encantado com a sua chegada, a ponto de sentir muitos ciúmes. Quando soube que titia tinha permitido que seu sobrinho Vinícius a pegasse no colo, me revoltei! A minha tia não deixava que eu a pegasse por eu ser muito pequeno e magrinho, enquanto Aghatta era muito frágil. Vinícius, que cresceu como meu primo, já era maior do que eu e mais desenvolvido, e ele também era tão encantado por ela quanto eu.

Aghatta cresceu como uma pestinha: brigava na escola com os coleguinhas, gazeava aula, batia na gente em casa e quebrava nossos brinquedos. Era uma loucura! Apesar disso, nos divertíamos muito contando todos os seus causos. Antes de tudo, ela era uma figura marcante e característica da família; não havia ninguém como ela. Hoje, com 13 anos, é lutadora de Taekwondo e sempre nos enche de orgulho. É uma aluna aplicada e esforçada, ganhadora de competições. Embora não seja mais traquina como antes e tenha se tornado mais reservada, ela continua sendo uma personalidade única.

Vez ou outra nos diverte com sua espontaneidade; no karaokê que fizemos no início do mês, Aghatta incorporou a música como se fosse a própria cantora original. Rimos bastante com a sua entrega! Ela é a mais parecida comigo na forma de reagir e se expressar. É a minha imagem e semelhança.

Quando eu estava com 7 anos e 4 meses, nasceu Sophia, a primeira filha do meu pai com a minha madrasta. Lembro que esperei ansiosamente por sua chegada, imaginando seu rosto, com quem se pareceria e que personalidade teria. Quando minha mãe me contou que ela tinha vindo ao mundo, meu coração se encheu de alegria e animação. Eu já queria muito vê-la, mas meu primeiro contato foi com uma foto em que ela surgia branca como a neve e dos cabelos bem pretos. Eu já a amava muito. Queria tê-la o mais próximo de mim possível.

Os meses foram passando e ela ficou gordinha, parecendo uma bonequinha, sempre muito risonha. Era a xodó da família. Sophia chegou unindo a todos. Meu amor por ela cresceu na medida em que ela crescia: o que já era grande tornou-se ainda maior. A minha memória mais intensa da sua primeira infância foi no primeiro carnaval que passamos juntos em Olinda. Ela estava vestida de abelhinha, ainda muito pequenininha, já oferecendo extremo carinho para mim e para nossa irmã Alice. Brincamos até cansar, de casa até às ruas olindenses. 

No ano passado, compartilhamos sempre fotos reveladas, as câmeras dos nossos telefones, o desejo de desenvolver o conhecimento cultural e nos tornarmos mais conscientes. Tornou-se minha confidente. Lembro do orgulho que senti ao vê-la fazer uma campanha digital com seus amiguinhos para não jogarem lixo na rua, após uma única conversa nossa sobre o assunto.

Sophia sempre foi a primeira a se alegrar com as possibilidades de reuniões dos irmãos, tornando tudo ainda mais especial. Ela é a arte em pessoa, uma tela pintada brilhantemente em um ser muito especial. No próximo mês, completará 12 anos de vida - um tempo que passou mais rápido do que imaginei.

Eu estava próximo da idade que Sophia completará quando a caçula Cecília nasceu, a nossa Céu. Novamente, senti a ansiedade que vivenciei na gestação da última. A ligação que recebi avisando do seu nascimento fez minha alma pular de alegria. Era a irmã que chegava após tantos anos das outras, surgindo na minha pré-adolescência e permitindo-me vivenciar esse momento com uma intensidade ainda maior.

Lembro da emoção que senti ao ver suas fotos e da preocupação ao notar a marca nos seus olhos, perguntando à minha mãe o que era aquilo. Poucos meses depois, Cecília demonstrou-se muito apegada a mim e queria estar sempre em meus braços, e disso muito me vangloriei. Desde pequena, retribuía o amor como ninguém, e logo se tornou a menina trelosa que é.

Criança incansável, portadora de uma criatividade magnífica e de uma felicidade contagiante, a minha irmã menor sempre preencheu os ambientes com sua alta dose de carisma. É a pessoa mais solar que eu conheço, capaz de tornar qualquer situação hilária. Estilosa, sabe como ninguém o que está na moda. É uma boneca lindíssima. Eu sou muito feliz por Deus ter me presenteado com uma irmã tão vibrante como ela.

A minha Céu é a criança mais encantadora que já conheci e que, sem dúvidas, conhecerei durante toda a minha vida. É a minha princesa nada frágil, minha cavaleira cintilante de apenas 7 aninhos.

Comentários

Postar um comentário